Descrição

Elísio Gomes Filho nasceu em 19 de setembro de 1959, na cidade do Rio de Janeiro. É filho do português Elísio Gomes da Silva e da brasileia Maria José Saraiva, nascida de uma família de salineiros e construtores navais que imigrou de Lavos para o Brasil no início do século XX. Elísio cedo demonstrou interesse pelos livros, pelas histórias do mar e pela biologia das aves, estabelecendo um processo fecundo e original para escrever. Formou-se em Enfermagem em 1984, contudo sua vocação era mesmo as letras e as investigações no campo da história marítima, naval e aérea. Na tradicional Universidade Católica de Petrópolis, criou um pequeno Museu de Ciências Naturais, com direito a exposição de aquários marinhos. Com as vivências adquiridas da museologia informal, quando de volta a Cabo Frio, em uma casa de 1933 no antigo bairro de São Bento, fundou em 27 de dezembro de 1987, o Museu Histórico Marítimo do Cabo Frio (em referência ao famoso cabo geográfico). Em sequência, o pesquisador luso brasileiro fez sucesso como escritor narrando histórias sobre os naufrágios ocorridos na região do célebre Cabo chamado de Frio. Além do seu museu especializado em naufrágios, o pesquisador ficou conhecido porque escreveu livros sobre as tragédias do mar ao incluir entre outros, dados folclóricos e científicos. Elementos sociais e culturais também estão presentes em suas obras, citando ditados, provérbios e adágios populares. O primeiro livro foi lançado em 1993: “Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio”. Depois da primeira projeção literária e científica vieram outras obras também expondo temática social, questionamento e análise do passado histórico. Há quem diga que é difícil ficar indiferente a qualquer um dos seus livros, uma vez que a principal característica do autor é a forte inclinação para bem explicar as circunstâncias dos fatos. Algumas de suas experiências pessoais também estão refletidas nos enredos, porquanto o mar da Região dos Lagos é o cenário de suas vivências como mergulhador. Disse certa vez: “Utilizo as histórias dos naufrágios como veículos para a reflexão”. A pesquisa mais notória girou em torno do mistério que então rondava o desaparecimento do barco de pesca “Changri-lá” em 1943.

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Com seu perspicaz espírito impetuoso, o historiador ambiental Elísio Gomes Filho nos surpreende com sua mais nova obra: Aves de uma Paixão – Inventário da Avifauna do Condomínio Rural Fazenda da Praia, revelando uma desconhecida faceta de sua argúcia, que soma-se agora aos seus envolventes trabalhos sobre importantes naufrágios ocorridos na costa da Região dos Lagos e ao livro A conquista do Paraíso dos Tamoios – Aventura da Colonização na Idade dos Mitos e dos Descobrimentos, obra que me levou a conhecer esse atuante intelectual. Foi em minhas pesquisas em busca de fontes sobre os índios tamoios que habitaram o território local, a fim de elaborar meus trabalhos pedagógicos destinados a bem instruir os meus alunos, que encontrei o livro supracitado, mas jamais poderia imaginar que um dia eu iria topar com o pesquisador Elísio morando no mesmo condomínio onde me estabeleci com a minha família. Pudera, o Condomínio Fazenda da Praia tem tudo a ver com ele e com o seu jeito de viver, o que também se dá comigo e com todos aqueles que amam a natureza e buscam ficar envolvidos pela diversidade do mundo ambiental, entre as árvores e as aves silvestres.

Elísio transborda intensa paixão pela nossa região, o que reflete em seu vasto conhecimento acerca da história local, presenteando-nos com seu sensível olhar revelador de temáticas formidáveis e pouco estudadas. A prática do mergulho é um traço que o autor carrega em sua perspectiva de pesquisa, imersa em originalidade e minúcia. Elísio Gomes Filho mescla a curiosidade de um menino com uma vibrante erudição. Afinal os adultos curiosos são justamente aqueles que conseguiram manter esse “deslumbramento infantil” de olhar um mundo apinhado de mistérios e fascínios. E não existe aprendizado sem curiosidade, porquanto Jean Piaget, um dos pensadores mais influentes no desenvolvimento da pedagogia no século passado, entendia que uma atração pelo novo e pelo diferente é pré-requisito para a construção do conhecimento. Assim, do mesmo modo que o cientista inquire a realidade formatando, realizando e monitorando experimentos a partir de uma inquietação inicial (em termos de ciência, o que se chama de hipótese), também a criança faz sentido do mundo a partir de uma “faísca” inicial, muito semelhante. É essa característica primordial que o cientista e a criança têm em comum: a curiosidade. Diante de uma obra tão singular dos pontos de vista ambiental e cultural, o esforço, o estudo, o conhecimento e a história de vida de Elísio Gomes Filho são dignos de serem respeitados e reconhecidos.

Marcele Azevedo Lima